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Saúde mental feminina: uma crise silenciosa que exige atenção urgente

POR ANE CLAIR



A saúde mental das mulheres tornou-se uma questão de saúde pública de proporções globais. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 280 milhões de pessoas no mundo convivem com a depressão, sendo que as mulheres representam uma fatia expressiva desse número. Elas enfrentam desafios particulares que impactam diretamente seu bem-estar emocional — entre eles, a sobrecarga da dupla ou até tripla jornada de trabalho, a pressão constante por padrões estéticos inalcançáveis e a persistente violência de gênero.


Esses fatores se entrelaçam e agravam o risco de adoecimento mental. Estudos científicos apontam que as mulheres têm duas vezes mais chances de serem diagnosticadas com transtornos de ansiedade em comparação aos homens. Além disso, são mais propensas a desenvolver quadros de depressão e distúrbios relacionados ao estresse crônico. A expectativa de que sejam sempre fortes, cuidadoras e resilientes acaba por silenciar o sofrimento de muitas.


A pandemia de COVID-19 veio para escancarar — e piorar — essa realidade. O isolamento social, a sobrecarga doméstica, o aumento dos casos de violência doméstica e a insegurança financeira gerada pela crise econômica agravaram ainda mais o quadro de saúde mental da população feminina. Dados de instituições de saúde mental ao redor do mundo revelam um crescimento alarmante de casos de burnout entre mulheres, especialmente entre profissionais da saúde, da educação e mães solo.


Apesar da gravidade do cenário, a saúde mental das mulheres segue sendo tratada com descaso por políticas públicas. Faltam investimentos em programas de prevenção, acolhimento e tratamento acessível. Em muitas regiões, especialmente nas periferias e em comunidades vulnerabilizadas, o suporte psicológico é escasso ou inexistente. Além disso, o estigma em torno da saúde mental ainda é um obstáculo significativo: muitas mulheres evitam buscar ajuda por medo de serem vistas como fracas ou incapazes.


É urgente que governos, empresas e organizações da sociedade civil reconheçam a dimensão do problema e atuem de forma efetiva. Implementar políticas de saúde mental voltadas às especificidades femininas, oferecer apoio psicológico em ambientes de trabalho e garantir acesso gratuito a serviços de saúde emocional são medidas fundamentais para reverter esse cenário.


Mais do que isso, é preciso mudar a cultura que romantiza a resiliência feminina como sinônimo de suportar tudo sem reclamar. O ideal da "mulher forte" não pode continuar servindo como justificativa para a negligência institucional. Cuidar da saúde mental das mulheres é uma responsabilidade coletiva — e deve ser encarada como prioridade.


As mulheres têm o direito de se sentirem acolhidas, cuidadas e compreendidas. E isso começa por enxergá-las não apenas como guerreiras incansáveis, mas como seres humanos com limites, dores e necessidades legítimas.

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